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quarta-feira, novembro 24, 2021

VACINAÇÃO SÓ NÃO BASTA E CARNAVAL PREOCUPA, DIZ OMS



A diretora-geral assistente da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mariângela Simão, alertou ontem que a nova onda de covid-19 na Europa é uma ilustração de que só a vacinação não é suficiente, uma sinalização ao Brasil sobre a importância de outras medidas sanitárias para cortar a transmissão do vírus.

Ao Valor a brasileira com o posto mais alto na governança global de saúde observou que "o que está acontecendo em países que tem maior cobertura vacinal é extremamente importante neste momento", em referência à nova onda de contaminação em países europeus.

"A ressurgência de casos na Europa após a flexibilização das medidas sociais e de saúde pública é uma realidade inescapável", acrescentou. "Só a vacinação não basta; com certeza diminuiu hospitalizações e mortes por Sars-CoV2, mas não diminuiu a transmissão a ponto de eliminar a circulação do vírus."

Para Mariângela, continua sendo a maior importância o uso de máscara, distanciamento social, lavar as mãos etc. Na Europa, vários países em situação quase de pânico impõem ou planejam restrições sanitárias mais rigorosas, como reduzir o deslocamento de pessoas nos centros comerciais, desanimador as viagens e multidões nos restaurantes, bares, estações de esqui.

Alem disso, países como a Suíça estudam tornar obrigatório o uso da máscara no cinema, teatro, restaurante e escolas. Também pode ser incentivado de novo o teletrabalho. O passaporte vacinal pode ser dado mais a quem faz apenas testes negativos, e sim a quem se vacinar.

Em conferência na abertura do Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Mariângela Simão observou que as Américas vêm tendo um comportamento de transmissão comunitária continuada, com ondas repetidas de infecção, segundo relato da Agência Brasil.

Com relação ao Brasil, ela considera que o programa de vacinação continua bem. Mas, levando em conta o que acontece na Europa, não esconde a preocupação com a evolução da pandemia no país com o Carnaval.

"Eu me preocupo quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para o aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022", disse Mariângela, segundo à Agência Brasil.

No evento, ela declarou que o futuro da pandemia depende de alguns fatores: a imunidade populacional, resultante da vacinação e da imunização natural; o acesso a medicamentos; como vai se comportar como variantes de preocupação e do quão transmissíveis elas serão; e a adoção de medidas sociais de saúde pública e a aderência da população a essas políticas.

"Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis", afirmou ela.

A experiência no exterior mostra ao Brasil que não dá para as autoridades se contentarem com o "booster", a terceira dose vacina contra o vírus. A própria OMS mantém uma recomendação restrita em relação à terceira dose, basicamente para pessoas mais vulneráveis e idosas. No entanto, mais países adotam uma dose de reforço. A Swissmedic, autoridade reguladora na Suíça, recomendou ontem a dose de reforço para pessoas a partir de 16 anos de idade.

A avaliação mais recente da consultoria de saúde Airfinity é que na Europa a Hungria, a Bélgica e a Holanda são os países que correm maior risco de bloqueios futuros, com a quarta grande onda de covid-19.

A alta transmissibilidade da variante Delta combinada com temperaturas mais baixas está empurrando os níveis de infecção para cima, aumentando hospitalizações e mortes.

A Áustria tornou-se a primeira democracia ocidental a anunciar a imposição de vacinação obrigatória para toda a sua população adulta. O país entrou no confinamento geral desde segunda-feira. Tudo isso vem depois de estabelecer imposto aos não vacinados, que lideram os casos de novas infecções.

Ao mesmo tempo, grupos duros de resistência a novas restrições aumentados têm o uso de violência.

Mas as autoridades dizem que não dá para ficar sem reagirmente. O diretor para a Europa da OMS, Hans Kluge, já deu mais de uma vez o sinal de alerta de que, pela trajetória atual das infecções, a Europa poderia ter 500 mil mortes por covid até o primeiro trimestre do ano que vem.