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segunda-feira, janeiro 10, 2022

CAPITÓLIO: CONFIRA O QUE CAUSOU A QUEDA DO PAREDÃO EM MINAS GERAIS COM DEZ VITIMAS FATAIS.

 




Imagens de um desabamento de uma rocha nas encostas de um cânion na cidade de Capitólio, no centro-oeste de Minas Gerais, tomaram o Brasil de surpresa e assustaram a todos que a viram. O acidente causou pelo menos 34 vítimas, e até agora a publicação deste relatório, sete delas fatais.

O acidente tomou proporções trágicas porque aconteceu no Lago de Furnas, ponto turístico, e atingiu pelo menos quatro pequenos barcos. Segundo informações do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 27 pessoas já foram atendidas, outras quatro ainda estão internadas e quatro estão desaparecidas.

Para entender melhor as causas e formas de prevenir tragédias como a que ocorreu no Capitólio neste sábado, o Olhar Digital conversou com a geóloga e ex-integrante da Defesa Civil da cidade de Santos, Mayra Macchi, que estuda deslizamentos de terra e esteve no Capitólio estudando as rochas da região.


Por que a parede caiu?


De acordo com Macchi, as rochas estão sujeitas a ação gravitacional em diferentes escalas. "O muro em questão tem cerca de 5 metros de altura e sua inclinação é praticamente vertical. Nesses casos, os riscos de colapso das rochas são altos, mas dependem do grau de fratura", explica o geólogo.

A pedra que foi desprestrita no Capitólio é uma rocha conhecida como quartzito, que tem um alto grau de fratura. Quedas como esta são bastante comuns, mas em geral acontecem em lugares remotos, o que não implica o risco de perdas materiais ou vidas humanas.

A região do Capitólio é conhecida dentro da geologia como um local de estudo de rochas, de acordo com Macchi, não é incomum que professores universitários levem estudantes para a região para pesquisa de campo. Por causa disso, é provável que a área já tenha sido mapeada e o risco de queda fosse conhecido.

"Acredito que pode ter havido falta de comunicação, para avisar que era uma parede muito frágil e que tinha um risco", explica. "E se está chovendo, o risco é dobrado." Desde dezembro, o Nordeste, o Centro-Oeste e parte do Sudeste do Brasil têm enfrentado fortes chuvas.


A tragédia era evitável?


Segundo o geólogo, foi necessário instalar placas de alerta sobre os riscos nas áreas dos cânions. No entanto, em sua visita ao local, Mayra Macchi não se lembra de ter visto qualquer aviso sobre o risco de colapso do cânion, apenas sobre as quedas da usina hidrelétrica de Furnas.

Embora o Capitólio seja uma área densamente estudada, a área do muro que caiu é de difícil acesso por meios convencionais. Para chegar ao topo da rocha e estudá-la em profundidade, seria preciso um geólogo profissional e experiente com habilidade para acessar o local do rapel, algo que não é muito comum.

No entanto, para alguém que treinou os olhos, uma pedra com esse desenho levanta preocupações. Por isso, o acesso dos turistas a esse lugar deve ter alguns obstáculos.

"Era algo que não conseguíamos prever exatamente o que aconteceria, mas sem saber quanta rocha daria, onde sairia e onde iria cair", explica. "A forma do corpo e o quanto ele sai, são coisas que nunca podemos prever", acrescenta.


O que deveria ter sido feito?

Mas que acidentes como o que ocorreu no Capitólio não são previsíveis, seria possível impedir que o lugar tivesse movimento de pessoas no momento da erosão da rocha. Medidas simples poderiam ter sido tomadas, como sinalização e orientação para que os turistas se afastassem das áreas da encosta.

No entanto, uma possível explicação para a falta de sinalização adequada é o medo das autoridades locais diminuirem o potencial de exploração turística. Para o trânsito seguro dos turistas, seria necessário delimitar a área permitida ou realizar obras de drenagem e estabilização, geralmente dispendidas.